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Eucaristia e Procissão do Senhor Santo Cristo dos Terceiros

A veneranda imagem do Senhor Santo Cristo dos Terceiros voltou a sair pelas ruas da Ribeira Grande, numa imponente procissão, muito concorrida e que foi acompanhada por uma moldura humana impressionante que acorreu à cidade nortenha.
É sempre assim todos os anos, no primeiro Domingo da Quaresma, a Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande cumpre o estipulado nos seus estatutos, promovendo a realização da conhecida procissão dos Terceiros, que sai da igreja do antigo convento de Nossa Senhora da Guadalupe e que desde 2013 foi transformada em Museu Vivo do Franciscanismo.
Precedendo o cortejo, na Igreja dos Frades teve lugar uma solene concelebração, onde participaram todos os sacerdotes da Ouvidoria da Ribeira Grande, sob a presidência do Capelão daquela Misericórdia, Pe. Manuel Galvão. A Missa de festa foi animada por um coro polifónico, constituído pelas Paróquias da cidade, sob regência de Gilberto Canejo e organista José António Garcia.
Trata-se de uma festa religiosa de cariz penitencial, trazida pelos franciscanos para os Açores e que a Secular Ordem Terceira a impulsionou como meio de evangelização, tendo sido o moto para o Pe. Manuel Galvão reflectir sobre a vivência quaresmal, como tempo de enfrentar os nossos desertos e as tentações que nos aliciam a uma vida onde Deus não tem lugar. O jejum, acrescentou o Capelão da Santa Casa, como privação do supérfluo para recentrar no essencial, é um bom ponto de partida para este exercício: jejum de consumismo, de tempo de exagero gasto na internet, de uma vida sempre a correr, de relações conflituosas, para que a vida se transforme em partilha de bens, em tempo de oração, em momentos de descanso onde se contemple a natureza, em refazer relações distantes.
Na sua homilia, o também Prior da Igreja Matriz reflectiu nas palavras do Papa Francisco sobre o desafio da cultura da indiferença, que ignora o sofrimento de milhões de pessoas em todo o mundo, numa atitude egoísta que atinge uma dimensão mundial, falando mesmo numa globalização da indiferença, dando o exemplo de que hoje em dia se torna banal considerar que já não vale a pena recorrer ao sacramento da confissão.
Mais à frente, referiu-se ao exemplo da Madre Teresa da Anunciada, a freira que antes de promover o culto do Senhor Santo Cristo dos Milagres, no Convento da Esperança, em Ponta Delgada, recorria àquela Igreja de Nossa Senhora do Guadalupe para venerar e prostrar-se em oração perante a Imagem do Senhor Santo Cristo dos Terceiros, que iria ser levado pelas ruas daquela cidade.
Por último, aludiu ao culto ao Senhor atado à coluna, cuja procissão integra os andores que evocam a história de São Francisco de Assis e dos santos pertencentes à Ordem Terceira, mormente o que narra a Paixão de Cristo num dos momentos da via sacra; o do momento da aprovação da Regra dos Franciscanos pelo Papa Inocêncio III; o do Senhor do Monte Alverne e os acontecimentos de 1224; A Ordem dos Frades Menores; S. Francisco prostrado nas silvas; S. Roque, franciscano que curou muitas vítimas da peste; Santa Margarida de Cortona, penitente da Ordem Terceira do século XVIII; Santo Ivo, advogado que se notabilizou no apoio jurídico aos mais pobres; Rainha Santa Isabel e por último o andor do Senhor Santo Cristo dos Terceiros, padroeiro dos penitentes da cidade da Ribeira Grande.
Participaram naquela vetusta procissão, para além das entidades oficiais e sociais do Concelho, um numeroso grupo de irmãos romeiros da Ouvidoria da Ribeira Grande, os Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande, os Escuteiros da Matriz, registando-se ainda uma grande representação da Escola Secundária com todos os seus órgãos, em que muitos estudantes, com as suas capas, levaram aos ombros o andor de Santo Ivo, advogado e mais tarde se tornou padre franciscano e defensor dos pobres.
As duas Bandas Filarmónicas da cidade, recentemente reavivadas e em pujante actividade, a Triunfo e a Voz do Progresso, acompanharam a procissão pelas artérias da cidade repletas de povo que mais uma vez prestaram veneração ao padroeiro dos penitentes, o Senhor atado à coluna.
Esta festividade intensamente religiosa dos Terceiros resistiu às vicissitudes do tempo e, graças à Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande, foi possível continuar a preservar um importante legado de um Património Cultural Imaterial, único nos Açores e que valoriza a cidade da Ribeira Grande.